Análise multitemporal de dados topobatimétricos para avaliaçăo do assoreamento do Reservatório do Descoberto (DF)

A construção de reservatórios para armazenamento d’água torna-se necessária para atender a demanda crescente para abastecimento das cidades, e ao mesmo tempo gerar energia e criar áreas de lazer. Entretanto a atividade antrópica na bacia hidrográfica, modificando o padrão de uso do solo, freqüentemente provoca aumento da erosão dos solos e conseqüente produção de sedimentos, que são carreados pelos cursos d’água e depositados nos reservatórios. O acúmulo desses sedimentos causa o assoreamento, o qual é responsável pela diminuição da capacidade de armazenamento e vida útil dessas estruturas (Marins, 2004). A bacia do Rio Descoberto sofreu e sofre de forma bastante exacerbada deste processo de alteração do uso do solo. Em decorrência da urbanização intensiva e desordenada do território, caracterizada pelo surgimento de parcelamentos, assentamentos, loteamentos, condomínios, invasões, além da prática de agricultura, pecuária e extrativismo mineral (terra, areia e brita), sem que as medidas necessárias sejam tomadas para a manutenção da preservação do solo (Teza, 2008). A criação das cidades satélites de Ceilândia (DF) e Águas Lindas (GO), o rápido esgotamento dos pequenos mananciais e a continua ocupação das sub-bacias dos tributários do reservatório nortearam a procura de mananciais que pudessem fornecer grandes vazões para atender ao desenvolvimento econômico e ao crescimento populacional (CAESB, 1985). A barragem do Descoberto, construída em 1973, tem um volume máximo de acumulação de 102x10m³ com uma área inundada de 14,8 km² na cota 1030 m s.n.m. (Bicalho, 2006). A bacia hidrográfica do reservatório do Descoberto abrange uma área total de 444 km², incluindo-se também as áreas circunvizinhas do reservatório, que drenam através de pequenos córregos, e a própria área do espelho d’água do reservatório que possui área de drenagem de 86 km² (Bicalho, 2006). A bacia do Alto Descoberto vem apresentando ao longo dos anos uma expansão rural e urbana acentuada (figura 1), levando a uma demanda de água maior devido às atividades agrícolas desenvolvidas e ao abastecimento humano. Essas atividades, sem o devido planejamento de acordo com a capacidade de vazão e a quantidade de usuários, aliadas ao desmatamento, ocupação indevida de terras e depósito indevido de resíduos, prejudicam a qualidade e a manutenção desse manancial, que é o maior manancial de abastecimento de água do Distrito Federal (Cardoso, 2002).